segunda-feira, maio 16, 2011

"Comandante Hussi" vai Encontar... e nós gostamos

Chegou até nós uma pérola rara... "Comandante Hussi" !!!  (texto Jorge Araújo  --  ilustração Pedro Sousa Pereira -- ed. Quetzal, 2003)
Um livro que também nos fala dos dolorosos momentos de guerra africana. Um livro que, sobretudo nos fala, de grandes valores como o amor, a amizade, a coragem. A vida. 
Um amor, em tempo de guerra, entre um menino franzino - Hussi, e a sua bicicleta. 
Uma história simples, ou talvez o pareça porque foi escrita por quem também viveu alguns destes momentos de guerra, porque tem uma capacidade de se continuar a encantar com histórias feitas de pequenos nadas. Uma história que nos limpa o  caminho à medida que nela caminhamos.
Uma história em prosa, onde cada frase é poesia! 
Uma escrita com mel! Jorge Araújo já há muito que nos habituou a ouvir as suas histórias e nós gostamos! 
Encontaremos também com o Hussi... Obrigada!


(...)
"- Logo que acabar a guerra venho buscar-te.
- Prometes?
- Prometo - respondeu Hussi enquanto deitava mais uma pazada de  terra e cruzava os dedos, por detrás das costas, para dar sorte.
 A bicicleta podia finalmente hibernar descansada. Sabia que Hussi era um menino de palavra. Que não ficaria enterrada até ao final dos tempos.
- Vai com Deus - disse com a voz empoeirada de emoção.
- Tens a certeza que não precisas de mais nada?
- Fura o dedo e faz um pacto comigo.
Agora já não eram apenas amigos, eram unha com carne, irmãos de sangue. Hussi respirou fundo, deitou um último bocado de terra, colocou as pedras calcinadas em círculo, retirou do pescoço o talismã que o feiticeiro lhe oferecera e colocou-o sobre o monte de cinzas. Antes de partir enfiou a sua flauta, feita com um tubo de electricidade, terra abaixo.
- Assim podes ver o sol... podes respirar.
Não haveria nada nem ninguém capaz de matar a sua bicicleta. Hussi compreendera finalmente o que é uma guerra - não, não é o fim do mundo nem o princípio de outro. É o dia em que foi obrigado a deixar para trás a sua bicicleta.  (...)"


Porque é a sonhar que vencemos todas as guerras!



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